Os sentidos da escola na cultura digital

“Qual o sentido da escola para o aluno?”, pergunta o pesquisador francês Bernard Charlot (2012) quando questionado sobre as formas de mobilizar os alunos para aprender no cotidiano escolar. Quais as relações desses alunos com o saber/conhecimento no mundo contemporâneo e digital em que vivem? E ainda: “Será que a escola tem um sentido ligado ao fato de aprender?” (CHARLOT, 2012, p. 11). Pesquisas recentes na área de educação (BANNELL et al., 2016; CANÁRIO, 2006; CANDAU, 2012; DUBET, 2004; MESQUITA, 2016) apontam que a instituição escolar, assim como a entendemos em seu formato “tradicional”, parece cada vez mais carecer da capacidade de mobilizar os alunos em relação à aprendizagem, isto é, de suscitar neles o desejo pelo conhecimento.

Constata-se que o formato escolar vigente, acusado de estar em crise, precisa sofrer mutações, tanto no que compreende seus aspectos curriculares quanto metodológicos (seleção de conteúdos, organização de tempos e espaços, distribuição disciplinar, estratégias de ensino, relação professor- -aluno e outros). Porém, essa necessidade de mutação ficou muito mais evidente nas últimas décadas, com o advento e a difusão massiva das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs). Para a instituição escolar, as TICs representam o desafio de integrar nas práticas pedagógicas a cultura digital na qual se inserem os jovens de hoje. É fato que elas possibilitam acesso contínuo à informação, facilidade de comunicação, serviços e oportunidades de aprendizado potencialmente infinitas. 

No entanto, quando inseridas no ambiente escolar sem significações ou apropriação pedagógica, as TICs competem com a atenção que o professor requer para dar aulas, colocam em questão a sua fala, o seu conhecimento, a sua didática e até mesmo a própria identidade profissional docente e o sentido da escola. Pesquisas da última década mostram que os jovens do século XXI, apesar de serem reconhecidos como “nativos digitais” por pais e professores, não possuem habilidades mais sofisticadas de letramento digital, que permitiriam utilizar efetivamente as TICs para aprender conhecimentos significativos (LIVINGSTONE, 2011; PEREIRA et al., 2018; PISCHETOLA e HEINSFELD, 2018).

A partir dessas considerações, nesse texto defendemos a necessidade de se olhar para as TICs não apenas como ferramentas que possibilitam novos caminhos para a aprendizagem, mas como elementos que trazem uma nova cultura para a sociedade e, consequentemente, para a escola. Nessa linha de raciocínio, o texto pretende problematizar a crise de sentidos da escola frente à cultura digital em que se inserem os jovens, apresentando possibilidades de mutações do formato escolar tradicional através da oportunidade de se rever as linguagens, as metodologias didáticas e as relações na sala de aula. Em última análise, aponta que a “reinvenção” da escola destinada aos jovens imersos na cultura digital se faz pela construção de novos sentidos, integrada à reformulação curricular e às novas concepções didáticas. Para tanto, o texto se estrutura em duas partes: (i) o sentido da escola e a relação com o saber: crise ou mutação? (ii) a cultura digital e os sentidos da escola.

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